sexta-feira, 16 de setembro de 2011

sobre pequenas coisas que irritam.

imagina um bolinho de chocolate, com recheio de chocolate, com calda de chocolate, coberto com chocolate granulado, e, pra descer, um chocolate quente. imagina mais, imagina tudo isso com muito açúcar. imagina você comendo isso em todas as refeições, todos os dias na semana, todas as semanas em um mês, todos os meses do ano, todos os anos da sua curta vida que foi curta porque você morreu de diabetes ou de hipertensão. mas imagine que ainda tá longe de você morrer. e todo o dia é essa overdose de chocolate, é praticamente felicidade pura, direto na sua boca, direto nas suas veias, direto na sua vida. imagine enquanto eu espero três ou quatro dias até você enjoar. convenhamos, essa tsunami de perfeição não tem a menor graça. de vez em quando é bom ter um motivo pra gritar um palavrão, pra dar um murro na parede, pra buzinar alto, pra bater a porta na cara, pra desligar o telefone na cara, pra passar uns dias sem falar com alguém. o que é realmente bacana legal, o que é batuta mesmo, é rir disso tudo depois. é por isso que, às duas da manhã, me deu vontade de escrever sobre pequenas coisas que me irritam. e é por isso que você vai ler, e vai concordar comigo. e você vai lembrar de tudo que te deixa com raiva, mas vai dar risada.

grande lista de pequenas coisas desagradáveis e irritantes elaborada às duas da manhã

pisar na areia fina com o pé molhado. calçar a chinela suja. andar na areia fofa com a sandália molhada, quando a tira da sandália fica cortando o pé e fica pregando no chão. andar do mar até em casa. entrar em casa de meio dia e não conseguir enxergar nada porque o sol encadeou. quando me chamam pra almoçar e não tem ninguém na mesa. bolinha de carne de soja que mainha fez achando que me enganava. gente que fica clicando a caneta, a não ser quando sou eu. aí é bom. xampú no olho. cílio no olho. quebrar a unha. quebrar palheta. perder paheta. emoticons com "=" ao invés de ":". emoticons com ";" ao invés de ":". emoticons com "]" ao invés de ")". chamar atenção no msn sem querer. gente que ri "rs". quando me respondem "nada :)". quando me respondem " :x ". gente que protela a monografia. filme dublado. seriado dublado. desenho dublado. dublagem, menos a de dragon ball e a de cavaleiros do zodíaco. pagar inteira porque esqueci a carteirinha. gente que vascuha o cabelo atrás de ponta dupla. gente magra que fala que tá obesa. uva passa e fruta cristalizada, e qualquer comida que era boa, mas ficou ruim quando alguém teve a ideia de por um dos dois, tipo creme com passas. quando eu ponho água no congelador e quando eu chego da rua alguém tomou a água. quando eu escondo chocolate e alguém descobre. quando gruda alface ou feijão no dente. cheiro de panetone. quando o palito do pirulito solta. quando o 7bello gruda no plástico e no dente e no céu da boca. quando abrem a caixa de chocolate primeiro e pegam o diamante negro. quando o gosto do chiclete acaba. quando música chiclete gruda na cabeça. não lembrar a letra da música. não lembrar os acordes da música. o gosto musical do meu vizinho. quando a corda do violão tora. tropeçar no meio da rua. bater a cabeça saindo do carro. não saber se dá um ou dois beijinhos. esquecer o nome de parente de 9º grau. amarrar o cadarço. pisar no cadarço. dormir de cama. dormir sem travesseiro, ou sem lençol. quando desligam o ventilador e eu acordo suado, mas não tenho forças pra ir lá ligar denovo. quando eu acordo com frio e não tenho forças pra ir lá desligar o ventilador. odeio a duvida entre "me cobrir e morrer de calor, não me cobrir e morrer com as muriçocas". quando mainha me acorda às 7:00 do domingo perguntando a hora que eu cheguei e se tinha bebido e se tinha sido bom e quem tava lá e com quem eu tinha voltado e se eu tinha namorado muito e EU TO DORMINDO, PORRA. quando me acordam e dizem "tava dormindo? pode voltar" e vão embora sem dizer o que era. acordar cedo e descobrir que é sábado quando tá escovando os dentes. acordar com o braço ou a perna dormente ou formigando. acordar com o nariz entupido. acordar de um sonho bom. acordar d... acordar, de um modo geral, é ruim pra caramba. e sonho bom é ruim também. é ruim porque, quando você acorda, você não ganhou aquela grana, não beijou aquela menina e Alinne Moraes não tá deitada do seu lado, mas você passa o dia pensando no "e se". sonhar que se afoga. sonhar que tá caindo. cair. dor de cabeça. dor de cabeça de ressaca. dor de cabeça de ressaca de vinho. ressaca moral. ansia de vômito. tomar remédio. bebê que não toma remédio. bebê teimoso. gente que tá com a garganta ruim e vai pra piscina de meio dia e se entope de sorvete e fica teimando. gente que fica me fazendo inveja e, tudo bem, você foi pro show, mas para de ficar falando se não eu vou chorar. comida com muito sal, comida com pouco sal, ficar no sal. sms não respondida, principalmente de madrugada. principalmente ainda quando é sobre fluor. fome de madrugada e a preguiça de ir pegar comida na cozinha. preguiça ou medo do escuro? perder a hora do desenho. horário político. se cortar com papel. quando não tem pastel de forno na cantina, quando não tem limão cremoso no fest lanche, quando não tem vozinha pra cozinhar no domingo, quando não tem sobremesa no restaurante. tomar água achando que vai tomar suco, tomar suco achando que vai tomar água. cerveja quente. sopa fria. refrigerante sem gás. abraço dado de lado. irmão mais novo, quando faz coisa de irmão mais novo e painho se irrita e eu que pago o pato. irmão mais novo, que só faz coisa de irmão mais novo e no final todo mundo tem que rir, porque acaba sendo engraçado. canto de unha. canto de unha que engancha no lençol. tirar a unha do dedinho do pé até sangrar. calo de academia. quando você começa a tirar a cutícula e daí, quando se dá conta, já descascou o dedo todo e ainda vai levar bronca. morder a lingua ou a bochecha sem querer. tirar a pele do lábio e passar o dia inteiro mordendo em cima. vrido. drobar. as pessoa que não sabe usar os plural. alguém mim der um motivo pra não odiar erros de português. dor de cotovelo, tanto a física quanto a psicológica. ciúme. e, mais do que qualquer coisa, eu odeio quem se irrita por besteira.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Dedilhado


Um dia a gente está perdida na escuridão e dois olhos brilhantes aparecem. Um dia a gente tá feliz num parque e coisas mais maravilhosas ainda aparecem. No chão a relva, e no céu um colorido de um ardente rosa e púrpura que, olhando para o sul, ficava gradativamente mais negro, passando de um brilhante azul-esverdeado para um tom mais escuro de cinza. Um cheirinho de cappuccino, daqueles de aparência cremosa, daqueles com desenhos que dá até pena desmanchar. Um abraço protetor, daqueles com sabor de chocolate quente no frio, com cobertor e lareira. Ou daquele banho de mar no verão, com as ondas batendo nas costas e levando o que há de impureza na alma. Um príncipe, um moinho ou um leão. Tem aparência bruta, mas seu coração é mole. É ágil, esperto, confiante e inteligente, não tente passá-lo para trás. Seja leal a ele e ele te protegerá de tudo e de todos. Confie. Os instintos podem dominá-lo, por vezes. Tenha paciência. Ele vai saber te aconselhar quando você precisar, vai saber ficar em silêncio te olhando com olhos de 'não-aguento-mais-porém-é-por-você-pode-falar'. Tem as piores piadas do mundo, daquelas ruins mesmo e mesmo assim você vai rir. Vai sorrir como uma criança. Ele é o rei, é mandão, egoísta. Ele vai se divertir mesmo sozinho. Preguiçoso que só ele, vai ficar muito bem com um canto simples só dele. Justiça e força. Gracioso, honroso. Uma calmaria. Um dedilhado elegante. Voz aconchegante. Uma ponte que me leva à um lugar feliz. Um amigo assim, sem pedir nada em troca. Amigo aquele que vai tá sempre por perto, com seus gritos e surtos.

(Você me faz me sentir segura, seu abraço me dá forças, me alegra, me protege. Quando digo que fico feliz ao seu lado, eu realmente fico feliz. Ser seu anjo todas as noites e guardar teu sono, te livrar dos pesadelos. Sem maldades. Você me trouxe a felicidade onde já existia, e me fez acreditar novamente em amizade, e eu não vou abrir mão de você assim tão facilmente. Aquele amor de irmão. Notável com um moinho. Um pequeno príncipe. Um raio da manhã.)

B.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

o que aprendi em Pernambuco I - sobre o frio no pé e pé frio.

por causa de amigos e por causa de lugares, a viagem que fiz até pernambuco alguns dias atrás não será esquecida, nem tão cedo, nem tão tarde. não será esquecida nem tão nunca. várias coisas aprendi em pernambuco, hoje eu vou falar de algumas delas. especificamente, falarei de azar, e como eu nunca mais vou duvidar de sua existencia. eu não viajei sozinho, é claro, e uma das amigas que me acompanhou hoje pode dar testemunho em qualquer igreja de esquina, pregando que passou uma semana atormentada por um encosto e sobreviveu, com a graça de Deus nosso senhor aleluia. e eu assino embaixo. porque só pode ter sido encosto. e, se ela sobreviveu, cara, foi jesus que iluminou, com certeza eu digo, meus irmãos (gloriadeus). quando, na noite anterior, conversavamos sobre assombrações e sobre o que acontecia quando batiam as três horas da manhã, éramos inocentes, e não sabiamos que estavamos brincando com o supremo e definitivimo mal. desedenhamos, então. pobres de nós. e nossa inocencia continuou tarde adentro, quando descendo uma ladeira, a sandália de minha amiga torou. puro acaso, pensamos, aqui, tome a minha. e segui o caminho descalço. estavamos perto de casa. nesse meio tempo, manchas surgiram em sua pele. tudo bem, alergia ao frio ou ao clima estranho, quando acostumar passa, tal qual essa tosse. vamos, vamos ao show, pegue sua camera, pegue seu celular. a van sai as nove, vamos. fomos. ela levou a camera e o celular, mas como fosse perigoso leva-los até a praça lotada, ela tomou uma decisão (e a anunciou em alto e bom tom) "vou deixar aqui no banco da van. não faz perigo". fomos ao show. praça lotada. depois eu falo do show, numa conversa menos sombria. que bom que ela não levou a camera, nos viramos com outros celulares para guardar recordações. curtimos, dançamos voltamos. encontramos a rua, encontramos a van, encontramos o banco, não encontramos o celular nem a camera. nem no banco, nem na van, nem na rua. o bolso do motorista ninguém olhou, detalhes, meu caro, detalhes. sem sandalia, sem camera nem celular, nós reflitiamos sobre tanto azar e sobre seus possíveis motivos enquanto as manchas no rosto e no corpo de nossa amiga se tornavam mais sérias. pensando em sua saúde e em maldições de outro mundo, resolvemos passar no pronto socorro. "é só uma alergia, tome essa injeção" tudo bem. dor na bunda, palidez, ao menos as manchas parecem estar sumindo, vamos jantar. jantamos e congelamos, mas isso era bom. as manchas também pareciam gostar do frio, pois voltaram. ok, estavámos assustados, voltamos ao UPA. novo turno, novo médico, novo diagnóstico. catapora "mas eu tomei a vacina!" catapora "mas" CATAPORA. casa, agora. ok, alguma coisa pegou no pé dela e não quer soltar. reza braba e sal grosso, mas, por enquanto, vamos te mandar de volta pra casa. explicar pra sua mãe superprotetora que estava doente e porque estava ligando de outro celular: uma aventura a parte. não foi fácil, acalmamos a mãe dela. sempre a uma distancia segura, é claro. andavamos abraçados minutos atrás, mas agora, bem, ela está com catapora. é melhor não arriscar. e assim voltamos pra recife. rodoviária, 12:30, o proximo onibus sai uma hora, fila pra comprar passagem. 12:45, 12:50, 12:55, 13. só no proximo, 15 horas, tudo bem, a gente almoça aqui. nesse momento estávamos todos desesperados, rezando para totens e jejus, esperando por allah pra nos salvar dessa ZICA SEM FIM MEU AMIGO QUE BRUXARIA SERIA AQUELA? estavamos apavorados. 15 horas, ela pega o onibus. ela está indo pra casa, com sua catapora e seu pé frio, mas sem camera nem celular. estamos, finalmente, em paz. 4 horas e ela estaria em natal, com seus pais. fomos curtir o resto do dia.






PS.: 22h, chegamos em casa, ela avisa "gente, uma ponte caiu. não tô nem em joão pessoa ainda".
baseado em fatos reais.

sobre dragões que existem

dragões são criaturas presentes no folclore das mais variadas culturas. são colossais, enormes, magníficos, belos e assustadores. são espertos, rápidos, inteligentes e extremamente sábios. cospem fogo, voam e podem ser convocados se você juntar todas as esferas do dragão. comem São Jorge no café da manhã, devastam uma ou duas vilas no almoço. para o jantar, uma donzela virgem. eles não descuidam do peso. guardam imensos tesouros e elaboram complicadas charadas. toda magia do universo reside nos dragões. agora, imagine um dragão bebê. imagine mais, imagine dois. imagine cria-los do nada e ve-los crescer dentro de você. eu tenho dois dragões. eles não são mais bebês, infelizmente, embora eu ainda os trate e os veja assim. o fato é que eles, os dois, tem a habilidade incrível de me trazer alegria, tem uma facilidade enorme de diluir carinho em brincadeiras e fazer risadas surgirem de onde só havia tédio. mas cuidar de dragões não é facil, acreditem. às vezes você tem que segura-los e virar a cara pra eles, dar um ou dois gritos e olhar com um olhar de reprovação. às vezes você não sabe o que fazer e os faz ir embora voando, e só te resta sentar e esperar que eles, um dia, voltem. mas, no final das contas, é tudo uma questão de saber aguentar as mordidas e as baforadas de fogo na cara. é tudo uma questão de valorizar os sorrisos que eles te dão antes que eles voem pra longe. eu tenho dois dragões que levo comigo para toda parte, embora eles nem sempre estejam aqui. eu espero que vocês tenham seus proprios dragões, em casa, na rua, no colégio, em outro estado. e eu espero que vocês estejam com eles, quando faltar o equilibrio pra ficar de pé, ou quando eles não tiverem uma cama pra dormir. no final as queimaduras valem a pena.

sábado, 18 de junho de 2011

carinho

eu sei que daqui a um tempo, pouco tempo, vai ser bem mais difícil te ver me chamando de chato ou me mandando ir pra uma porra. não sei porque, acabei de perceber que isso é importante pra mim. não é que eu não goste de ouvir "eu amo você", mas eu prefiro te ver me xingando todo dia do que te ver dizendo que me ama dizendo de vez em nunca. porque eu sei que "chato" quer dizer "amigo" e que "vai pra uma porra" quer dizer "fique aqui comigo", e "lindo" quer dizer "eu fiz uma merda muito grande, por favor, me desculpe". e agora, pensando no que era a rotina, eu percebo que vou ouvir mais "eu to com saudade" do que "bom dia" da sua parte. mas nem por isso eu vou chorar e correr pra te abraçar e segurar a sua mão e sentar do seu lado pra assistir o por do sol numa praia da california. você sabe, não é assim que a gente funciona. existem cicatrizes que provam isso. e, aturando suas unhas e dentes e choros e desabafos e risos e tapas, eu vou estar sempre contigo. sabendo o que você pensa enquanto tá calada, me queimando em ciumes enquanto você fala dos seus peguetes, criticando até o fim o seu gosto musical, duvidando até a morte da sua capacidade de tirar a CNH. porque, assim como dizer "não vá embora" não vai te fazer ficar, eu não preciso te ver todo dia pra gostar de você, nem preciso ouvir "eu te amo" pra saber que é verdade.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

paciência

papai,eu não quero mais saber. me encheu até as tampas esse puritanismo hipocrita. me encheu até as tampas essa alienação voluntária. eu pensei em fugir pra praia, pro hawaii ou pra outra praia tropical qualquer, pra nunca mais usar camisa nem cueca e viver de sol e mar e reggae, com um violão e um culelê e uma prancha e uma garrafa de vodka ou de tequila, mas minha consciencia me doeu. pensei em fugir pro mato, pra alexandria ou pro interior de mato grosso, pra nunca mais usar tênis nem carro e viver de estrelas e ar e passarinhos, com uma viola e uma sanfona e um cavalo e uma garrafa de cachaça ou de vinho, mas minha consciência me doeu. pensei em fugir pro deserto, pro sertão ou pro texas, pra nunca mais usar xampú nem bermudas, e viver de estrada e brigas e rock 'n' roll, com uma guitarra e uma espingarda e uma harley davidson e uma garrafa de uisque ou de cerveja, mas minha consciencia me doeu. se abster não é solução, papai, mas não dá pra lutar contra o sistema. pelo menos não seguindo as regras. por isso, papai, carregue sua .38. eu vou precisar daquele bastão de baseball, daquelas correntes e de toda sua gasolina. e me de esse machado. me de aqui esse machado, papai, que eu vou resolver isso. o mundo lá fora me espera e minha consciencia não pode ficar esperando pela ordem natural das coisas.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

resumo.

hoje eu brinquei de luta com o meu irmão. foi como realizar um sonho. se lutar por si só já é um passatempo altamente relaxante, lutar com o irmão é uma exeperincia única. foi como uma vingança por toda azucrinação, infernização e implicância. irmãos mais novos tem esse tipo de hobby assassino. o bom da brincadeira é que ficou tudo bem, meu sentimentode vinganças retido diminuiu, mainha não reclamou de nada e ninguém se machucou exceto ele. foi ótimo. mas nem tudo foi ótimo de ontem pra hoje. eu descobri uma coisa ruim. bem ruim. decepcionante, na verdade. vejam, eu estava até empolgado com a ideia de cursar direito e tudo. tão animado que fui até o site da ufersa conferir meu horário. abri bem animado o link "HORÁRIO DIREITO 2011.1", esperei carregar. quando eu vejo, a segunda (SEGUNDA) tem quatro (QUATRO) aulas de "PRINCIPIOS DA FILOSOFIA E DA SOCIOLOGIA". agora eu penso seriamente em fazer engenharia. é sabe qual o pior? "PRINCIPIOS". sabe o que isso significa? que vai continuar. mas isso não é o fim do mundo. teem acontecido coisas legais também. eu fiz amigos na rua, e isso é novidade pra mim. pode me achar que eu não tive infância porque eu nunca tive um nitendo, nunca pulei o tutty frutti e não sei andar de bicicleta. mas se você disser queeu não tive infância porque eu nunca tive amigos na minha rua, eu te digo que não é verdade. e é muito bom, ter alguém que more ao lado e te faça rir, mesmo que esse alguém tenha quase o dobro de sua altura e faça uma bacia de brigadeiro tão grande que tenha que mexer com uma vassoura. e assim eu vou, curtindo o meu restinho de liberdade, escutando meus 40gb de música, nandando pra aplacar a ira de bebês. e eu não reclamo de absolutamente nada.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

a loira e a montanha (narrativa-continuação)

em cinco ou dez minutos de corrida, o jovem alcançou o centro da pequena cidade litorânea. era um domingo, ele conseguiu se lembrar, e as pessoas que superlotavam o lugarejo começavam a acordar. e acordando iam comprar pão, iam até a praia, iam ligar seus carros de som. o barulho e o excesso de pessoas faziam sua cabeça trepidar quase que literalmente, mas seu objetivo se mantinha claro em sua mente. ele precisava encontrar, precisava ver, precisava falar, e principalmente precisava... então ele viu. a jovem de cabelos loiros parada ao lado de um golf branco esbanjava poder e beleza simplesmente por ali estar, inerte. sem falar, sem se mover, a simples noção de sua existência fazia saber ao mundo que ainda havia beleza, e que boa parte estava com ela. o sol refletia em seu cabelo e em seu corpo bronzeado de tal maneira que o jovem perdeu o resto do folêgo que lhe sobrara após a corrida, e sem perceber ele atravessava a rua zumbificado. foi quando os olhos azuis da moça fitaram diretamente os seus, e, de repente, mais lapsos de memória invadiram sua consciência. "Merda" pensou ele enquanto se virava para o outro lado, ele tinha que sair dali. não deu tempo. uma latinha de cerveja zuniu a poucos milimetros do seu ouvido e explodiu no muro atrás dele. "SEU FÉLA DA PUTA". "merda, merda, merda" pensou ele, se virando de volta para o lado da garota. por um instante ele achou que dois caras grandes vinham em sua direção. ledo engano. um brutamonte digno dos mais ferozes ringues de vale tudo marchava quase fazendo o chão tremer ao seu redor. enquanto decidia para que lá correr, ele foi acometido por um lapso de memória: - acabara de chegar na festa com os amigos e já tomara algumas boas doses de vodka. uma loiraça dançava cada vez mais perto dele, que também se apróximava. não planejava ficar com ninguém aquela noite, mas tirar uma casquinha não era pecado. a moça se exibia descaradamente, "tão bonita e tão devassa, meu Deus", ele pensava. alguma coisa pesada lhe acertou o ombro, e ao se virar ele deu de cara com uma parede de músculos que indagava o que ele 'tava pensano' e 'quálera dele'. antes que ele formulasse uma desculpa convincente, a loiraça o virou e roubou-lhe um beijo tão intenso e tão rápido que o embriagou mais do que toda a Absolut consumida. o que aconteceu a seguir foram os instantes mais demorados de sua vida. o homem que mais parecia um touro o puxou com uma mão enquanto desferia um golpe com a outra. o jovem se esquivou, talvez auxiliado pelos deuses da vodka. num acesso de coragem, desferiu um direto com seu braço livre no rosto do homem touro e sentiu sua mão rachar. imediatamente, mas não antes de fazer uma careta de espanto e dor, saiu correndo dali, rumo ao lugar onde seus amigos estavam "loira! deu em cima! namorado! grande!" e em dois minutos eles tinham saído dali e procuravam rindo outro lugar pra curtir. - e ali estava ele, constatando que por trás dos músculos, das roupas de marca e do dinheiro do seu pai, aquele brutamontes, quem diria, tinha no mínimo a capacidade de guardar fatos recentes. então ele decidiu pelo improvável, o insano. talvez por não querer ser um covarde, talvez porque suas pernas não se mechessem, talvez porque tivesse vontade de morrer de uma vez por todas, ele resolveu parar e esperar. enquanto ele pensava na besteira que falara na noite anterior, o brutamonte atravessava a rua com sua cara de ira impecavelmente imbecil. mas, olhando a luz do sol, sua cara imbecil parecia estranhamente familiar.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

molhadinha.

as tardes de sábado são sempre iguais. são ressacas da sexta a noite na balada ou ressacas da sexta a noite no msn. são o começo do dia quando se acorda às três da tarde. são o merecido de descanso após uma manhã de aula no pré. são a prévia da noite de sábado. mas geralmente as tardes de sábado são muito chatas. abro uma ou duas conversas no msn, abro um blog que não tem novas postagens e assim a vida segue. até que começa a chover. eu deixo meu computador de lado e vou observar o espetáculo da varanda da casa da minha avó. não consigo ficar no pc ou ver tv escutando o barulho da chuva. talvez porque eu ache uma grande falta de educação não prestigiar todo o esforço que o céu faz pra chover, talvez porque tire minha concetração mesmo. o fato é que eu gosto de tomar banho de chuva, e se eu não posso tomar banho, fico pelo menos olhando até que a chuva pare. e olhando a chuva foi interessante ver o mundo mudar. a rua virou um rio e eu já não conseguia mais ver os coqueiros da casa da frete. lá embaixo os motoristas passavam apressados com medo de se molhar e moleques brotaram do chão pra jogar bola na rua ou pólo no rio. um ciclista que desistira de lutar contra a água agora pedalava tranquilo, vendo o mundo tomar banho ao seu redor. ele nunca vai saber que eu o invejava por sua posição. o céu clareou a minha esquerda, mas a chuva não dava sinal de fraqueza. o vento fez o teto da varanda inútil, e molhou todo o chão. então, ao som de um último trovão, a chuva parou. o rio virou rua, os meninos evaporaram, eu vi os coqueiros. sem aplausos, o show acabou. voltei decepcionado da minha posição de espectador solitário, talvez único, lamentando o papel não conseguido no espetáculo. pelo menos a minha tarde molhada de sábado foi molhadinha. pelo menos a mesmice não foi total. e depois, choverá novamente.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

salvando a noite de quarta

victor matheus c. diz:*KKK
*ok
*EEEEEI,
*fui asediado hoje na auto escola! KKKKK
*ri demais.
Camilo Mateus diz:*CONVEEERSA
*conte
victor matheus c. diz:*uma mulher bem "quenga" sabe, aquelas bem escantalosas.
Camilo Mateus diz:*você tem um carro,
victor matheus c. diz:*dai ela vive fazendo barulho, cheguei meio atrasado, e adivinhe?! só tinha canto na FRENTE dela.
Camilo Mateus diz:*prepare-se pra isso
*e muito mais
victor matheus c. diz:
*o problema é: ela é mais velha que mãe KKKKK
*cheia de celulite D:
Camilo Mateus diz:*EK
victor matheus c. diz:*KKKK
*ainjá?
Camilo Mateus diz:*oshe
victor matheus c. diz:*só sei que quando o prof. virava ela pegava começava a me alisar, a me chamar de branco gostoso.
*o bom é ela contando as experiencias SEXUAIS dela! KKKKKKKKKK
Camilo Mateus diz:*eu disse pra você se preparar para o assédio, não para o assédio de mulheres bonitas
victor matheus c. diz:*ela contou que namorou com um branquinho carequinha, que ele só sentia prazer quando ela batia na careca dele.
*dai ela começava a fazer cenas e sons lá, gritando.
*foi uma resenha. ela ficou agarrando meus peitos O_O
*não que eu tenha, mas ela puxava ):
Camilo Mateus diz:*mentira, boy
*O_O
victor matheus c. diz:*má!
*graças a Deus, foi meu ultimo dia com ela ! :D
*OOOOOOOOME
*e a MELHOR DA NOITE!
Camilo Mateus diz:*KKKKKKKKKKK
*EITA QUE HOJE FOI FODA
*MELHOR QUE ESSA?
victor matheus c. diz:*KKKK
*MÁ!
Camilo Mateus diz:*VOU ATÉ ME AJEITAR AQUE
victor matheus c. diz:*o intrutor disse que na hora da prova ia ter MONITORES na sala. dai essa mulher que tava me agarrando perguntou: PROFESOOOOR , O QUE É MONITOR?
*dai a amiga dela do lado disse: mulher, deixe de ser lesada!
*monitos são CAMERAS!
Camilo Mateus diz:*KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

sonho e frustração.

"O trabalho dignifica", disseram e cobraram no ENEM. não sei vocês, mas eu abriria mão da minha dignidade pra viver uma vida ociosa. eu vejo o trabalho como a forma mais provável de se ganhar dinheiro, mais fácil do que lutar contra a correnteza da probabilidade apostando na megassena ou esperando ser chamado pra o "topa ou não topa"*. e o pior de tudo é que a gente precisa de dinheiro. eu, por exemplo, preciso de muito dinheiro pra ser feliz. por favor, não me odeie por isso. não pense que eu estou jogando fora minha humildade, nem que eu não sei que a felicidade está nas coisas pequenas, nem que eu odeio os pobres e oprimidos. entendam, infelizmente é preciso dinheiro pra se ter o que se deseja. e o que eu desejo não é barato. veja: não preciso de luxo, não quero o glamour, não desejo o status. eu desejo ter uma casa na praia e uma casa na montanha, eu desejo tocar violão mal e cantar desafinado, mas bem alto. eu desejo comer uma boa comida caseira todo dia, uma comida próxima do sabor ideal e longe de conservantes trans, ou sei lá como chamam. eu desejo um bar com bons uísques, boas vodkas, boas cachaças, boas tequilas e uma caixa com muito engov. eu desejo ver o céu a noite sem o brilho irritante dos postes e desejo ver o sol nascer e se por, se eu acordar ou ainda estiver acordado a tempo. eu desejo ter um cachorro sem se importar se ele vai cagar na calçada do vizinho. eu desejo tomar banho em uma água livre de cloro e de esgotos, mas cheia de peixes ou de sal. eu desejo escutar boa música na altura que eu bem entender, eu desejo ler e escrever. eu desejo a arte, mas não o palco. desejo o único de forma trivial. eu desejo amigos sempre e toda hora em todo o lugar. amigos que me contem histórias e que me façam rir, amigos que briguem comigo e me façam crescer. e finalmente eu desejo uma amiga a quem eu dê especial atenção, deitado numa rede trocando histórias por dias a fio. eu desejo a liberdade de ser simples, e hoje isso custa caro. engraçado como o que outrora era o trivial, hoje se torna meu sonho de consumo. eu fico triste em saber que nunca vou ter tudo isso, pelo menos não dessa forma. a felicidade bucólica e sincera hoje, mais do que nunca, é utópica. a esperança está em encontrar com ela toda noite, depois de deitar e antes de dormir. afinal, não é porque está na minha mente que não vai ser real.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

o dia seguinte (narrativa)

parecendo alheio ao mundo ao seu redor, o jovem caminhava na praia semi vazia na beira do mar, de forma que as ondas lhe alisavam com frequencia os pés. não sabia muito bem onde estava, nem porque estava sem camisa, ou porque carregava os tênis na mão. sua cabeça latejava de forma irritante e o cheiro de alcoól em sua boca provocava naúseas. em um trecho particularmente vazio, ele se sentou à sombra de um coqueiro e tentou revirar os bolsos, mas quase urrou de dor ao forçar o punho direito. com algum esforço, esvaziou os bolsos e encontrou todos os seus documentos na carteira, mas nenhum dinheiro. encontrou também um canhoto de um lugar que ele não conhecia e um dente, provavelmente um pré-molar, sujo de sangue. instintivamente passou a lingua por seus proprios dentes algumas vezes, até aquiescer após constatar a presença de todos. tentou sorrir de alívio, o rosto incrivelmente dolorido não permitiu. no outro bolso ele encontrou seu celular, mas o breve instante de animação desapareceu quando ele o viu descarregado. então, largado na praia sem camisa e com todos os seus pertences ao redor, sua calma foi virando desespero. talvez porque os resquicios do alcoól se iam, talvez por que o sol subindo no horizonte o acordava, o jovem se deu conta de sua situação e teve medo. em um ataque de pânico irracional, pôs-se a revirar novamente os objetos no chão. foi quando ele viu a foto. fatos da noite anterior piscaram em sua cabeça, fazendo cada vez menos ou mais sentido. lembrou-se de onde estava, mas não de como fora parar ali. ele precisava encontar uma pessoa, ele precisava dar e ouvir explicações. ele podia não lembrar de tudo que fizera ou de tudo que falara, mas ele lembrou de uma coisa que poderia mudar sua vida. ele disse que a amava.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

wasser

minha mãe me botou na natação quando eu tinha três anos de idade, então se tem uma coisa que eu gosto é de nadar. eu gosto de nadar mesmo sozinho numa academia cheia de velhas pelancudas que ficam olhando pra mim. não que elas façam alguma coisa além de perder tempo olhando pra mim. mas voltar a nadar foi bastante satisfatório: acordei 7:15 da manhã e logo lembrei que eu não tinha sunga. fui procurar nas do meu pai, ele tem várias. militar, preta fininha, branca, um monte. todas ficaram estranhas, menos a branca. fui procurar em outro lugar, achei uma. amarela. e velha. "foda-se" - pensei eu - "ninguém vai ficar olhando em baixo d'água". ledo engano, tinha uma turma inteira de hidroginástica lá, enrolei meia hora antes conversando com o instrutor pra ver se eles saiam. com o tempo e com uma sunga nova eu acho que acabo me livrando dessa vergonha besta. se bobear vou até fazer hidroginástica. não. outra coisa que eu prometi contar, do teclado do celular. vejam,, é que tem um joguinho de futebol. já briguei muito com professores por causa dele, mas é que vicia. e com todo esse tédio, digamos que eu tenho jogado com frenquencia. digamos que a frenquencia faz o celular descarregar duas vezes por dia. então, pra entender o que aconteceu é importante saber que se toca a bola no "5" e se chuta no "0". conclusão, se eu quiser ligar pra o numero 3315-5050, tenho que ligar do fixo. o que é uma merda, porque eu não posso mais jogar real football. preciso urgentemente de um celular novo, de preferência um com um teclado mais resistente. por hoje é isso. leiam, gostem, comentem, divulguem e eu prometo que quando eu dominar o mundo chamo vocês pro churrasco. até já.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

dois desabafos.

sim, estou de volta. mas antes de começar, eu quero deixar uma coisa bem clara: eu não tô escrevendo pra você ler. eu tô escrevendo por que eu tô entediado. tipo muito entediado. minha vida tá emocionante de um jeito que eu só vejo o sol se minha mãe me mandar ir comprar pão, só assim eu saio de casa. eu estou enclausurado em casa de um jeito que, vejam vocês, eu estou escrevendo num blog para dois ou três leitores de uma e quarenta da tarde e esse provavelmente vai ser o clímax do meu dia. resumindo: eu tô de férias. não, não tranquei a faculdade. talvez a farra até seja meu lugar, mas enfim, o fato é que eu estou sentindo falta da escola. tanto que eu a maldisse nessa mesma página, tanto que a xinguei, tanto que a depravei, e hoje sinto falta dela. é, sinto falta de riscar o caderno, sinto falta de riscar a carteira, sinto falta de riscar a prova e de riscar a parede. sinto falta de ver os professores, de falar com os professores e de amaldiçoar os professores pelas costas. sinto falta das conversas no intervalo, nas conversas antes da aula, nas conversas depois da aula, na conversa na aula e de sair de sala na troca de professores. mas acima de tudo, eu sinto falta dos meus amigos. porque todo aquele mundo de conteúdo, papel, caneta, farda, quadro, aula, tudo em um colégio é apenas um disfarce pra que a gente encontre os amigos enquanto nossos pais acham que fazemos algo produtivo. por isso eu sinto falta da escola. eu sei que daqui a alguns meses eu vou ler isso e pensar comigo mesmo "seu otário, sinta falta agora!", mas agora e exatamente agora eu olho pra vida escolar de forma saudosa, sem desprezo, sem mágoas, sem ressentimentos. fica a dica se você ainda estuda e tá lendo isso: aproveitem seus amigos, principalmente se estiver no terceiro ano. a não ser que você queira medicina, aí você deve desligar o computador e voltar a estudar, seus únicos amigos são tio Amabis e Tio Feltre. foi legal e eu queria mais um pouco. mas não vai dar, então deixa pra lá, não vou morrer por causa disso. na verdade, já que eu comecei a escrever, sabe uma coisa que quase me faz morrer? as velhas da academia. eu vou treinar num horário muito ingrato, às oito da manhã, porque a tarde sempre é lotado e é muito quente, então eu não gosto e pronto. mas cada vez mais eu penso em encarar a superlotação e o calor pra me livrar daquelas velhas asquerosas. elas ficam conversando sobre como elas gastam o dinheiro dos maridos e como as filhas se comportam mal, enquanto ocupam os equipamentos que eu quero usar por horas a fio. e elas tentam consertar seus braços pelancudos e suas bundas caídas e ARGH. diquinha da xuxa, não vão malhar às oito da manhã, a não ser que vocês queiram se sentir no clipe THRILLER . e quanto a mim, eu fico com minha nostalgia e meu filme de terror particular enquanto vocês se divertem lendo sobre minhas desgraças. amanhã eu conto como foi o primeiro dia de natação e como minhas férias me fizeram quebrar o teclado do meu celular. até lá, cuidado com o degrau.