segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

o dia seguinte (narrativa)

parecendo alheio ao mundo ao seu redor, o jovem caminhava na praia semi vazia na beira do mar, de forma que as ondas lhe alisavam com frequencia os pés. não sabia muito bem onde estava, nem porque estava sem camisa, ou porque carregava os tênis na mão. sua cabeça latejava de forma irritante e o cheiro de alcoól em sua boca provocava naúseas. em um trecho particularmente vazio, ele se sentou à sombra de um coqueiro e tentou revirar os bolsos, mas quase urrou de dor ao forçar o punho direito. com algum esforço, esvaziou os bolsos e encontrou todos os seus documentos na carteira, mas nenhum dinheiro. encontrou também um canhoto de um lugar que ele não conhecia e um dente, provavelmente um pré-molar, sujo de sangue. instintivamente passou a lingua por seus proprios dentes algumas vezes, até aquiescer após constatar a presença de todos. tentou sorrir de alívio, o rosto incrivelmente dolorido não permitiu. no outro bolso ele encontrou seu celular, mas o breve instante de animação desapareceu quando ele o viu descarregado. então, largado na praia sem camisa e com todos os seus pertences ao redor, sua calma foi virando desespero. talvez porque os resquicios do alcoól se iam, talvez por que o sol subindo no horizonte o acordava, o jovem se deu conta de sua situação e teve medo. em um ataque de pânico irracional, pôs-se a revirar novamente os objetos no chão. foi quando ele viu a foto. fatos da noite anterior piscaram em sua cabeça, fazendo cada vez menos ou mais sentido. lembrou-se de onde estava, mas não de como fora parar ali. ele precisava encontar uma pessoa, ele precisava dar e ouvir explicações. ele podia não lembrar de tudo que fizera ou de tudo que falara, mas ele lembrou de uma coisa que poderia mudar sua vida. ele disse que a amava.

2 comentários:

  1. Perfeito o texto, gostei muito muito mesmo. Gosto das duas formas que você escreve. Só tenho pena das velhinhas e suas pelancas uahuahauh. Mas esse tá muito show

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